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Você já deixou de fazer algo por medo do que os outros pensam? Da Gestalt-terapia ao Evangelho de Paulo - Luciano Valente
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Você já deixou de fazer algo por medo do que os outros pensam? Da Gestalt-terapia ao Evangelho de Paulo

“Eu faço as minhas coisas, e você as suas. Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas. E você não está neste mundo para viver as minhas. Você é você, e eu sou eu, e se, por acaso, nós nos encontrarmos, será lindo. Se não, nada se pode fazer.”

Frederick Perls 

Existem várias forças que atuam na direção contrária à realização de nossos desejos: insegurança, indecisão, crenças limitantes e medos. Dentre estes últimos, um dos mais importantes é o medo do julgamento das outras pessoas. 

Família, amigos, colegas de trabalho, professores e a sociedade como um todo têm expectativas sobre nós. E, quando sentimos que podemos frustrar essas expectativas, uma das reações possíveis é a retração ou o abandono dos nossos desejos.

A longo prazo, quando deixamos de lado uma vontade legítima e profunda, tendemos à frustração e, muitas vezes, nos revoltamos com aqueles a quem atribuímos a culpa por isso, desgastando assim, relacionamentos. 

As linhas de abertura deste texto são parte da chamada Oração Gestalt, escritas pelo psicólogo Frederick Perls. Ele é um dos fundadores da chamada Gestalt-terapia, consolidada no livro homônimo de 1951, uma abordagem de psicoterapia com ênfase na responsabilidade de si mesmo, autoconhecimento, satisfação, autosuporte e crescimento pessoal. Sua construção acontece a partir da experiência individual do momento atual, chamado também de aqui e agora. A frase, uma das mais emblemáticas de  Perls, trata justamente da questão do impacto das expectativas do outro nas nossas decisões. 

Voltando no tempo quase 2000 anos, na carta do apóstolo Paulo ao seu discípulo Tito, ele conclui que “Tudo é puro para os que são puros; mas nada é puro para os impuros e descrentes, pois a mente e a consciência deles estão sujas”.  A frase vai de encontro ao dito popular de que a beleza está nos olhos de quem vê. O homem enxerga o mundo pelas lentes da sua visão interior. O que ele sente é base para interpretar (e muitas vezes julgar) o sentimento dos outros. 

Podemos interpretar a fala do apóstolo como um encorajamento. Aqueles que criticam de forma não construtiva, emitem sentenças condenatórias e maldizem sempre farão isso. Por outro lado, aqueles que procuram a compreensão, o entendimento, a empatia e o apoio sempre terão esse comportamento. 

Muitas vezes, deixamos de seguir os caminhos que desejamos justamente por medo do julgamento negativo de pessoas que farão isso independentemente do que façamos. 

Não podemos, porém, culpá-los. Se abandonamos um desejo por medo do juízo de alguém, essa é uma escolha exclusivamente nossa. Porém, faz sentido? Como podemos concluir da frase de Paulo, quem fala mal sempre falará mal, pois o mal é um reflexo daquilo que essa pessoa carrega. 

Obviamente, essa conclusão não é uma alforria para nos levar ao extremo de nunca nos importarmos com a opinião de outros. Afinal, “a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”, como diz a célebre frase de Hebert Spencer. 

Ao pensar nas opiniões dos outros sobre aquilo que escolhemos, temos que lembrar da pureza e da impureza de quem as emite. No livro “O Evangelho Por Emmanuel”, de Chico Xavier encerra discussão em seu comentário ao versículo de Paulo: “Cada espírito observa o caminho ou o caminheiro, segundo a visão clara ou escura que dispõe.”

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