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A Teoria das Janelas Quebradas: a desordem que gera desordem - Luciano Valente
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A Teoria das Janelas Quebradas: a desordem que gera desordem

Quais são as pequenas coisas erradas que nos desmotivam? Ou quais aquelas que fazem com que a gente deixe de dar o nosso melhor no nosso trabalho, na nossa casa ou em nossos relacionamentos? Qual a origem deste tipo de sentimento? A Teoria das Janelas Quebradas responde a algumas dessas perguntas.

O experimento que deu origem à teoria

Autor importante na psicologia moderna, Philip Zimbardo é professor emérito da Universidade de Stanford, nos EUA, e ganhador do Prêmio igNobel de Psicologia, concedido pela Universidade de Harvard. Um de seus experimentos mais famosos foi a base de uma publicação posterior, conhecida como a  “Teoria das Janelas Quebradas”. 

Trata-se de um estudo de psicologia social, realizado em 1969, em que dois carros idênticos foram abandonados na rua. O primeiro deles, no Bronx, que nos anos 70 (hoje em dia um pouco menos) era uma área pobre e com altos índices de criminalidade em Nova York. Já o segundo foi deixado em Palo Alto, cidade pacata e sede da Universidade de Stanford, em um condado rico da Califórnia, no coração Vale do Silício. 

O objetivo da equipe de pesquisadores era avaliar o comportamento das pessoas de cada local diante do veículo abandonado na rua. Já no primeiro dia, o carro abandonado no Bronx foi desfigurado, com rodas, motor e rádio roubados. O restante do carro, que não podia ser levado, foi vandalizado. Por outro lado, o carro deixado em Palo Alto permaneceu intacto por dias. 

À princípio, os acontecimentos confirmavam uma visão de que a pobreza é um dos grandes catalisadores do crime e da violência. No entanto, o estudo não parou por aí. Os pesquisadores decidiram quebrar uma das janelas do carro abandonado em Palo Alto. O resultado foi como de água para o vinho. Em poucos dias o carro na Califórnia foi furtado e vandalizado, ficando em estado semelhante ao novaiorquino. 

O fato de que um único vidro quebrado catalisasse um processo criminal mostrou aos pesquisadores que a pobreza não era a única resposta para explicar o ocorrido. Havia ali algo mais profundo, relacionado ao comportamento, à psicologia e às relações sociais humanas.

A “Broken Windows Theory” 

Em 1982, a “Broken Windows Theory” foi publicada na revista Atlantic Monthly, pelo cientista político James Q. Wilson e o psicólogo especializado em criminologia George Kelling. O texto estabelecia, pela primeira vez, a relação de causalidade entre desordem e criminalidade, área em que ganhou notoriedade imediata. 

Os autores apresentavam expandiram o conceito para além da criminologia, aplicando-o também à administração. Por exemplo,se uma janela de uma fábrica fosse quebrada e não fosse consertada rapidamente, os trabalhadores daquele local assumiriam que ninguém se importava com aquele local e que isso teria um efeito dominó de descuido, descaso, baixo comprometimento, absenteísmo e turnover.

Hoje, o estudo é uma referência também em administração e já consolidada em criminologia, utilizado como base em direito criminal, como ressalta a Dra. Flávia Ortega em artigo no portal JusBrasil.

Além da psicologia e criminologia: a Teoria das Janelas Quebradas no nosso cotidiano

Ultrapassando os limites da criminologia, a “Teoria das Janelas Quebradas” pode ser aplicada em diversos aspectos da nossa vida. Quais são os pequenos catalisadores de desordem no nosso dia a dia? Um prato com restos de comida em cima da pia acaba se tornando um novo lixo na cozinha; um pequeno amassado no pára-lamas do carro novo já nos desestimula a mantê-lo limpo; um problema em um equipamento ou processo da empresa desestimula o funcionário etc. 

O fato é que podem existir diversas pequenas ‘janelas quebradas’ que podem fazer com que deixemos de ‘dar o nosso melhor’ em nossa casa, trabalho, relacionamentos e até nos cuidados com nós mesmos. Identificar estes pontos de desestímulo, então, passa a ser fundamental. Muitas vezes, o que catalisa esse desinteresse pode ser algo pequeno e simples de ser solucionado, ou uma coleção de pequenas coisas. 

“Somente aquele que se dispõe a fazer coisas pequeninas, que sabe e pode, virá saber e poder realizar grandes coisas”

Chico Xavier 

Essa frase está presente no livro “O Evangelho Por Emmanuel”, psicografado por Chico Xavier, em que o espírito de luz comenta versículos do Novo Testamento, o comentário “Encargos Pequeninos”, feito a Coríntios 12:17, ressalta a importância das pequenas realizações diárias como o alicerce das grandes obras da vida. 

O autor espiritual complementa. “Chegarás futuramente às culminâncias do serviço e da luz, na esfera de ação direta do Cristo de Deus, mas, para isso, é imprescindível que faças agora tão bem, quanto te seja possível, todo o bem que és capaz de fazer”. 

Então, que mapeemos as janelas quebradas em nossa vida e comecemos, com as pequenas tarefas, a consertá-las.

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